O primeiro alvo de qualquer governo autoritário é a cultura.
Não por acaso. Cultura é civilização e civilização é o antônimo de barbárie.
Cultura não se controla. Ela brota, mesmo no maior dos desertos.
Sermos testemunhas do que está se passando nesse momento no Afeganistão é assustador. E, não por acaso, as primeiras vítimas são os artistas e as mulheres.
As imagens que nos chegaram, praticamente ao vivo, não nos permitem o silêncio.
A cineasta Sahraa Karimi, num comovente manifesto público, nos avisa que o Afeganistão precisa de vozes. Precisa que cada um de nós, fale o que eles não podem mais falar. E nossa fala deve ser a da INDIGNAÇÃO E REPÚDIO.
Não podemos nos calar diante do afronte que os Talibãs querem impor ao povo afegão.
Passadas duas décadas do século XXI é inaceitável sermos espectadores de uma tentativa de impor um regime que nos leva ao pior da idade média.
Vivemos uma pandemia global que nos mostra que a humanidade só terá futuro se entendermos que nossa sobrevivência depende do outro. Uma oportunidade para lembrarmos que ninguém irá longe sozinho.
Nós não abandonaremos os afegãos. Gritaremos ao mundo o que eles estão sendo proibidos de gritar!
Gritaremos que é inadmissível o retrocesso que está sendo imposto às mulheres, direitos conquistados que são inegociáveis.
Gritaremos que é inadmissível perseguir a manifestação dos artistas.
Gritaremos que o audiovisual realizado nesse país, tão múltiplo, não pode ser eliminado. É através dessas obras que o planeta pode conhecer esse povo tão complexo e compreendê-lo.
Gritaremos que, apesar de tentativas constantes, a barbárie não vencerá a civilização.
E por isso mesmo, a cultura afegã resistirá!
E contará com cada um de nós que acredita que a liberdade é um valor tão essencial quanto o direito à vida.
Contará com todos nós na defesa dos direitos de todas as mulheres.
E não se trata de ultrapassar o limite da soberania de um país.
Trata-se de deixar claro que nós, parceiros de humanidade, não ficaremos calados diante das violações dos direitos mais básicos, que fanáticos tentam impor, pela força e pelo medo, a esse país já tão devastado e abandonado a sua própria sorte.
Contem com nossas vozes.
Contem com nossa solidariedade.
Resistiremos junto com o povo afegão.
ACADEMIA BRASILEIRA DE CINEMA E ARTES AUDIOVISUAIS
Sahraa Karimi no está sola
El primer blanco de cualquier gobierno autoritario es la cultura.
Eso no ocurre por casualidad. La cultura es civilización, y civilización es el antónimo de barbarie.
La culturano se puede controlar. Surge incluso en el más grande de los desiertos.
Ser testigos de lo que está sucediendo en este momento en Afganistán es aterrador. Y no es por casualidad que las primeras víctimas sean artistas y mujeres.
Las imágenes que nos han llegado, prácticamente en vivo, no nos permiten quedar en silencio.
La cineasta Sahraa Karimi, en un emotivo manifiesto público, nos advierte de que Afganistán necesita voces. Necesita que nosotros hablemos de lo que ellos ya no pueden hablar. Y nuestro discurso debe ser de INDIGNACIÓN Y REPUDIO.
No nos podemos callar ante el agravio que los talibanes quieren imponer alpueblo afgano.
Tras dos décadas del siglo XXI, es inaceptable que seamos espectadores de un intento de imponer un régimen que nos lleva a lo peor de la Edad Media.
Vivimos una pandemia global que nos demuestra que la humanidad solo tendrá futuro si comprendemos que nuestra supervivencia depende de los demás. Una oportunidad para recordar que nadie podrá llegar lejos solo.
No abandonaremos alos afganos. ¡Gritaremos al mundo lo que se les prohíbe gritar!
Gritaremos que es inadmisible la regresión que se impone a las mujeres, y que sus derechos conquistados son innegociables.
Gritaremos que es inadmisible perseguir la manifestación de los artistas.
Gritaremos que la obra audiovisual producida enese país, que es tan múltiple, no puede ser eliminada. Es a través deestasobras que el planeta puede conocer y comprender a ese complejo pueblo.
Gritaremos que, a pesar de los constantes intentos, la barbarie no vencerá ala civilización.
Y, por eso mismo, ¡la cultura afgana resistirá!
Ycontará con cada uno denosotros quecreemos que la libertad es un valortan esencial como el derecho a la vida.
Contará contodosnosotros para defender los derechos de todaslas mujeres.
Yno se trata de empujar el límite de la soberanía de un país.
Se trata de dejar claro que nosotros, compañeros en humanidad, nonos quedaremos callados ante las violaciones de los derechos más elementares, que los fanáticos intentan imponer, por la fuerza y por el miedo, a ese país ya tan devastado y abandonado a su propia suerte.
Pueden contar con nuestras voces.
Pueden contar con nuestra solidaridad.
Resistiremos junto con el pueblo afgano.
ACADEMIA BRASILEÑA DE CINE Y ARTES AUDIOVISUALES
Sahraa Karimi is not alone
Culture is the first target of any authoritarian government.
It’s not by accident. Culture is civilization and civilization is the antonym of barbarianism.
Culture does not control itself. It sprouts, even in the greatest of all deserts.
To be a witness to what is happening right now in Afghanistan is frightening. And, not by chance, the first victims are artists and women.
The images that came to us, practically live, do not allow us to be silent.
Filmmaker Sahraa Karimi, in a moving public manifesto, warns us that Afghanistan needs voices. It needs each of us to speak what they can no longer speak. And our speech must be that of INDIGNATION AND REPUDIATION.
We cannot remain silent against the affront that the Taliban want to impose on Afghan people.
After two decades of the 21st century, it is unacceptable to be spectators of an attempt to impose a regime that takes us to the worst of the middle ages.
We are living a global pandemic that shows us that humanity will only have a future if we understand that our survival depends on the other. An opportunity for us to remember that no one will go far alone.
We will not abandon the Afghans. We will scream to the world what they are being forbidden to scream!
We will cry out that the setback being imposed on women is unacceptable, rights achieved that are not negotiable.
We will shout that it is unacceptable to persecute the manifestation of artists.
We will shout that the audiovisual produced in this country, so multiple, cannot be eliminated. It is through these works that the planet can get to know these very complex people and understand them.
We will cry out that, despite constant attempts, barbarianism will not conquer civilization.
And for that very reason, Afghan culture will resist!
And it will count on each of us who believes that freedom is as essential a value as the right to life.
It will count on all of us to defend the rights of all women.
And it’s not about going beyond the limit of a country’s sovereignty.
It is about making it clear that we, partners of humanity, will not remain silent against the violations of the most basic rights, which fanatics try to impose, by force and fear, on this country, that is already so devastated and abandoned to its own fate.
Count on our voices.
Count on our solidarity.
We will stand together with the Afghan people.
BRAZILIAN CINEMA ACADEMY
المخرجة صحراء كريمي ليست وحدها
الهدف األول ألي حكومة استبدادية هو التحرك ضد الثقافة.
ليس من قبيل الصدفة. الثقافة حضارة والحضارة نقيض البربرية.
الثقافة ال يمكن السيطرة عليها. ينمو حتى في أكبر الصحاري.
إن رؤية ما يحدث اآلن في أفغانستان أمر مخيف ، وليس من قبيل الصدفة أن أول الضحايا هم فنانون ونساء.
الصور التي وصلت إلينا ، عمليا في الوقت الحقيقي ، ال تسمح لنا بالصمت.
المخرجة صحارى كريمي ، في بيان عام مؤثر ، حذرنا من أن أفغانستان بحاجة إلى الدعم.
يحتاج كل منا إلى التحدث عما لم يعد بإمكان األفغان التحدث به. يجب أن تكون كلماتنا خطاب ذنب وإنكار.
ال يمكننا أن نظل صامتين في وجه اإلذالل الذي تريد طالبان فرضه على الشعب األفغاني.
بعد عقدين من القرن الحادي والعشرين ، من غير المقبول أن تكون متفر ًجا لمحاولة فرض نظام يعيدنا إلى أسوأ العصور الوسطى.
نحن نعيش في جائحة عالمي يظهر لنا أن البشرية لن يكون لها مستقبل إال إذا فهمنا أن بقائنا يعتمد على بعضنا البعض.
فرصة لنا لنتذكر أنه ال أحد يستطيع الذهاب بمفرده.
لن نتخلى عن األفغان. فلنصرخ للعالم بما حرموا من الصراخ!
سنصرخ بأن النكسة المفروضة على المرأة غير مقبولة ، وأن الحقوق التي حصلت عليها غير قابلة للتفاوض.
سنصرخ أنه من غير المقبول إسكات ظهور الفنانين.
سنصرخ قائلين إن المواد السمعية والبصرية المنتجة في هذا البلد ، والمتنوعة للغاية ، ال يمكن إلغاؤها. من خالل هذه اإلجراءات ،
يمكن للكوكب أن يعرف ويفهم هؤالء األشخاص المعقدون للغاية.
سنصرخ قائلين: رغم المحاوالت المستمرة فإن البربرية لن تقهر الحضارة.
لذا فإن الثقافة األفغانية ستقاوم!
هذا سيجعل كل منا يعتقد أن الحرية أساسية مثل الحق في الحياة.
سيعتمدون علينا جمي ًعا في النضال من أجل حقوق جميع النساء.
ال يتعلق األمر بتجاوز حدود سيادة الدولة.
يتعلق األمر بتوضيح أننا ، شركاء اإلنسانية ، لن نظل صامتين في وجه انتهاكات أبسط الحقوق التي يسعى المتعصبون إلى فرضها
بالقوة والخوف على هذا البلد المدمر والمهجور بالفعل. قدر القلي.
يمكنك االعتماد على دعمنا.
بتضامننا.
سنكون مع الشعب األفغاني.
أكاديمية السينما البرازيلية
LEIA ABAIXO A CARTA ABERTA ESCRITA POR SAHRAA KARIMI
“A todas as comunidades de cinema do mundo e a quem ama filmes e cinema,
Meu nome é Sahraa Karimi, diretora de cinema e atual diretora-geral da Afghan Film, a única empresa cinematográfica estatal no Afeganistão, fundada em 1968.
Escrevo a vocês com o coração partido e uma profunda esperança de que possa se juntar a mim na proteção de meu belo povo, especialmente os cineastas do Talibã.
Nas últimas semanas, o Talibã conquistou o controle de muitas províncias. Eles massacraram nosso povo, sequestraram muitas crianças, venderam meninas como noivas para seus homens, assassinaram uma mulher por seu traje, torturaram e assassinaram um de nossos amados comediantes, assassinaram um dos nossos poetas e historiadores, assassinaram o chefe da Cultura e dos meios de comunicação do governo, têm assassinado pessoas afiliadas ao governo, enforcaram publicamente alguns dos nossos homens, deslocaram centenas de milhares de famílias.
As famílias seguem acampadas em Cabul após fugirem dessas províncias e estão em condições insalubres. Há saques nos acampamentos, e bebês estão morrendo por não terem leite. É uma crise humanitária, mas o mundo está em silêncio. Acostumamo-nos a este silêncio, mas sabemos que não é justo. Sabemos que essa decisão de abandonar
nosso povo está errada, e que essa retirada precipitada das tropas americanas é uma traição ao nosso povo e a tudo o que fizemos quando os afegãos venceram a Guerra Fria para o Ocidente.
Nosso povo foi esquecido. Agora após vinte anos de ganhos imensos para nosso país, especialmente para nossas gerações mais jovens, tudo pode ser perdido novamente neste abandono.
Precisamos de sua voz. A mídia, os governos e as organizações humanitárias mundiais estão convenientemente em silêncio, como se o tal ‘acordo de paz’ com o Talibã fosse legítimo. Nunca foi legítimo. Reconhecê-lo deu-lhes confiança para voltar ao poder. O Talibã tem brutalizado nosso povo durante todo o processo das negociações. Tudo o que trabalhei muito para construir como cineasta em meu país corre o risco de acabar.
Se o Talibã assumir o controle, eles vão banir toda a arte. Eu e outros cineastas podemos ser os próximos em sua lista de alvos. Eles vão tirar os direitos das mulheres: seremos empurrados para as sombras de nossas casas e de nossas vozes, e nossa expressão será abafada no silêncio. Quando o Talibã esteve antes no poder, nenhuma menina frequentava escolas. Desde que o grupo deixara o controle do país, mais de 9 milhões de meninas afegãs se matricularam na escola. Isso é incrível. Herat, a terceira maior cidade que acabou de ser dominada pelo Talibã, tinha quase 50% de mulheres em sua universidade. São ganhos incríveis que o mundo mal conhece. Nessas poucas semanas, porém, o Talibã destruiu muitas escolas, e 2 milhões de meninas foram forçadas a deixar a escola novamente.
Não entendo este mundo. Não entendo o silêncio (do mundo). Vou ficar e lutar pelo meu país, mas não posso fazer isso sozinha. Preciso de aliados como você. Ajude-nos a fazer com que o mundo se preocupe com o que está acontecendo conosco.
Ajude-nos informando aos meios de comunicação mais importantes de seus países o que está acontecendo aqui no Afeganistão. Sejam nossas vozes fora do Afeganistão. Se o Talibã assumir o controle de Cabul, talvez não tenhamos acesso à internet ou a qualquer ferramenta de comunicação. Por favor, envolva seus cineastas e artistas para nos apoiar e ser nossa voz. Esta guerra não é uma guerra civil. É uma guerra por procuração, é uma guerra imposta. Por favor, compartilhe este fato com sua mídia e escreva sobre nós em suas redes sociais. O mundo não deve virar as costas para nós.
Precisamos do seu apoio e da sua voz em nome das mulheres, crianças, artistas e cineastas afegãos. Esse apoio seria a maior ajuda de que precisamos agora.”