Lucy Barreto

Responsável por fenômenos de bilheteria que festejaram a brasilidade das telas do mundo, a mineira Lucy Barreto tem duas indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro num currículo de produtora iniciado em 1972, com “Tati, a Garota”. Visto por cerca de um milhão de pagantes em circuito, “O Quatrilho” disputou a estatueta em 1996. Igualmente bem-sucedido nas salas exibidoras, “O Que É Isso, Companheiro?” (também indicado ao Urso de Ouro da Berlinale) concorreu em 1998 ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográfica de Hollywood, onde o nome de Lucy é sinônimo de prestígio e produtividade prolífica. Produziu 30 longas e 15 curtas ao longo de uma trajetória cinematográfica iniciada nos sets de “Vidas Secas” (1963), onde trabalhou como assistente de continuidade. Foi ela a responsável por tirar do papel o filme mais consagrado de Carlos Diegues: “Bye Bye, Brasil”, indicado à Palma de Ouro de 1979. Pianista clássica, formada pelo Conservatório de Paris, ela emprestou seu fino faro para a melodia e para o que existe de mais sensorial na criação dramatúrgica a uma série de longas-metragens com a grife L.C. Barreto e Filmes do Equador. Grife que ela ajudou a construir e a refinar ao lado do marido, o fotógrafo e produtor Luiz Carlos Barreto. Juntos, os dois tiraram do papel cerca de 80 títulos, incluindo recordistas na venda de ingresso e séries para TV. Lucy trabalhou intensamente na produção de um dos maiores fenômenos de público do país: “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de seu filho Bruno Barreto, visto por 10.735.524 espectadores. Com Bruno, ela fez outros projetos, entre eles “Flores Raras” (2013), aclamado no Festival de Berlim de 2013. Produziu ainda o filho Fábio Barreto (1957-2019), seu parceiro no já citado “O Quatrilho”, em projetos como “Índia, a Filha do Sol”, exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes, em 1982. Fábio seria parceiro de Lucy ainda no único longa que ela dirigiu até hoje: o documentário “Grupo Corpo 30 Anos – Uma Família Brasileira” (2007), êxito de público e crítico na Europa. Paula Barreto, sua filha, é hoje, ao lado de Luiz Carlos, suaprincipal parceira criativa para produzir filmes. Fora de sua família ela produziu outros realizadores, como Anselmo Duarte (“O Crime do Zé Bigorna”), Daniel Filho (“O Casal”), Antonio Calmon (“Menino do Rio”), Nelson Pereira dos Santos (em “Memórias do Cárcere”, ganhador do Prêmio Fipresci, em Cannes, em 1984), Vicente Amorim (“O Caminho das Nuvens” New Directors 2003 Linconl Center; “2000 Nordestes”), Marco Altberg (“Prova de Fogo”), Jorge Bodanzky (“Igreja dos Oprimidos”, com sua mãe, Lucíola Villela), e Marcelo Santiago (“Sonhos e Desejos”). Em 1999, ela e Luiz Carlos receberam o troféu Oscarito, prêmio honorário dado pelo Festival de Gramado aos profissionais de maior prestígio de nosso audiovisual, e, em 2011, receberam uma honraria similar da Academia Brasileira de Cinema. Em 2012, Lucy presidiu o júri da Première Brasil do Festival do Rio. Foi jurada também Nova Delhi, Assunção e Miami, tendo presidido ainda júris nos festivais do Cairo e de Cartagena. Fã da não ficção, dedica-se hoje a projetos documentais, sem abrir mão de desenvolver novas ficções.