Zelito Viana

Formado em Engenharia, Zelito Viana escolheu o cinema quando, em 1964, seu colega de turma, Leon Hirzman o convidou para trabalhar como produtor. Em junho de 1965 funda, com um grupo de jovens realizadores, entusiastas do movimento cinema novista, a Produções Cinematográficas
Mapa Ltda, que depois atenderia pelo nome de Mapa Filmes do Brasil.
O cineasta, batizado como José Viana de Oliveira Paula, nasceu em Fortaleza e tem a arte correndo nas veias da família: é irmão do comediante Chico Anysio e da atriz e comediante Lupe Gigliotti. É tio da atriz e diretora Cininha de Paula, do roteirista e ator Bruno Mazzeo e dos
comediantes Lug de Paula e Nizo Neto. Zelito casou-se com a educadora Vera de Paula, com quem tem dois filhos:a diretora de cinema Betse de Paula e o ator Marcos Palmeira.
A Mapa produziu dois dos dez maiores filmes brasileiros de todos os tempos: Terra em Transe de Glauber Rocha e Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho. Além destes filmes, a Mapa produziu mais de duas dezenas de outros em parceira com alguns dos maiores Diretores de Cinema no Brasil, como Cacá Diegues, Walter Lima Jr. Paulo Cesar Saracenni, Roberto Pires, Julio Bressane, Carlos Alberto Prates Correia, Arnaldo Jabor, Paulo Alberto Monteiro de Barros, Betse de Paula, Joaquim Pedro de Andrade, David Neves, José Jofily e Daniel Filho.
Muitos dos filmes da Mapa Filmes representaram o país em importantes festivais e saíram premiados, como O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha, vencedor do Prêmio de Direção no Festival de Cannes. Ao longo das décadas, a Mapa já produziu comerciais, especiais para a TV aberta e mais recentemente, programas para canais por assinatura.
Em 1970 Zelito passou para trás das câmeras e iniciou a carreira de diretor, com as comédias Minha Namorada, com roteiro próprio, codireção de Armando Costa, e O Doce Esporte do Sexo (1971), que teve como protagonista seu irmão, Chico Anysio. O filme de época Os Condenados (1975), uma das suas mais importantes experiências como diretor, baseado no romance de Oswald de Andrade, conquistou o Prêmio de Melhor Diretor em Nova Dheli, na Índia, Salva de Prata em Portugal e foi selecionado para a Mostra New Films New Directors, no Festival de Nova York. Em 1977 o filme Morte e Vida Severina, ganhou o Margarida de Prata, como Melhor Filme.
Convidado por Roberto Farias, recém nomeado presidente da Embrafilme, Zelito participa ativamente na seleção de dezenas de filmes brasileiros, naquela que foi considerada a Era de Ouro do nosso cinema. Eleito Presidente da Abraci, foi um dos principais articuladores da obrigatoriedade de exibição de curta metragens brasileiros junto aos filmes estrangeiros.

Em 1979 Zelito lança o filme Terra dos Índios, dirige o programa de TV Chico Total e torna-se diretor da Globo Vídeo, onde acabaria comandando, também, a transmissão do Desfile das Escolas de Samba de 1986 e 1987. Na Globo Vídeo Zelito foi Diretor de Home Vídeo e lançou este novo produto no mercado brasileiro.
Zelito retorna ao cinema em 1985, com Avaeté – Semente da Vingança, que ganhou Medalha de Prata em Moscou, foi eleito o Melhor Filme no Festival de Tróia, em Portugal e no Primeiro Festival de Cinema do Rio de Janeiro. O filme retrata a história verídica de uma tribo massacrada por uma expedição no Mato Grosso, em 1962. A ideia de fazer Avaeté surgiu quando Zelito realizava Terra dos índios, em 1978. O diretor afirma que sua vida mudou totalmente depois daquele filme e cita uma frase do antropólogo Darcy Ribeiro: “Ninguém visita uma aldeia indígena impunemente.”
Nos anos 1980, Zelito também dirige programas políticos relevantes para a Prefeitura do Rio de Janeiro e para a campanha de Roberto Freire para a Presidência da República, em 1989, na primeira eleição direta após o golpe de 1964.
Depois desses trabalhos, o cineasta volta a dirigir um filme com a cinebiografia Villa-Lobos – uma Vida de Paixão (2000). A produção é inspirada na vida e obra do maestro e compositor brasileiro. Villa-Lobos recebeu o Prêmio Golfinho de Ouro como Melhor Filme do Ano de 2000.
Em 2009 Zelito lança o longa-metragem Bela noite para voar, sobre a vida do presidente Juscelino Kubistchek. Em 2011, Zelito realiza o documentário Augusto Boal e o Teatro Oprimido, relembrando os feitos estéticos e éticos do dramaturgo e diretor teatral, morto em 2009. Este filme recebeu o prêmio Margarida de Prata da CNBB.
Seu trabalho mais recente, A Arte existe porque a Vida não basta é um espetáculo em homenagem à Ferreira Gullar, estreledo por Marco Nanini, com participação dos cantores Adriana Calcanhotto, Paulinho da Viola e Laira Garin e roteiro de Nelson Mota.
Zelito Viana foi homenageado em inúmeros Festivais pelo conjunto de sua obra e tornou-se referência no cinema brasileiro. Atualmente Zelito está desenvolvendo o longa Sedução, o seriado Curupira, o longa Além da
paixão, além de orientar os diversos projetos da Mapa Filmes.